Fundamentos da Perspectiva - Introdução, Semana 0 e Semana 1

Este post é o primeiro de uma coletânea dos conteúdos postados no antigo Clube Brushwork Atelier, um projeto descontinuado no final de 2022. Aqui no blog, vou compartilhar de forma mais organizada todos os vídeos (que já estão disponíveis nas playlists abaixo), textos complementares e exercícios sugeridos tanto do meu antigo curso de Fundamentos da Perspectiva quanto de outros conteúdos do projeto.

Aprendendo PERSPECTIVA - https://youtube.com/playlist?list=PLb6VOGX...

Aplicando PERSPECTIVA - https://youtube.com/playlist?list=PLb6VOGXA...

Recentemente também fiz um vídeo mostrando em linhas gerais como eu estudaria perspectiva hoje em dia. A estrutura difere um pouquinho da organização de semanas que veremos aqui, focando mais na prática. Aconselho a dar uma olhada e fazer as adequações que acharem necessárias. Também fiz um vídeo sobre desenho para concept art que conversa muito com o aprendizado de perspectiva. Você pode conferir os dois abaixo:

Vamos lá ao conteúdo então!

Arte por Luiz Celestino

Introdução

Sejam bem-vindos ao Módulo de Desenho de Perspectiva - Fundamentos. O conteúdo dessa área tem como estrutura principal o Módulo 1 do curso de Desenho de Perspectiva do Brushwork Atelier Online. Segue um vídeo de apresentação e uma motivação para os estudos:

Serão necessários os seguintes livros para o estudo:

How to Draw - Scott Robertson e Thomas Bertling

Este é o primeiro conteúdo estruturante do Módulo 1 do curso de Desenho de Perspectiva. Portanto é indispensável sua utilização. Fiz um review sobre ele no meu canal do YouTube:

LINK PARA A COMPRA: http://amzn.to/2nAMUdz

Framed Perspective 1 - Marcos Mateu-Mestre

Este é o segundo conteúdo estruturante do Módulo 1 do curso de Desenho de Perspectiva. Portanto é indispensável sua utilização. Fiz um review sobre ele no meu canal do YouTube:

LINK PARA A COMPRA: http://amzn.to/2nANRT8

Semana 0 - Desenho de observação e Introdução ao Desenho Tridimensional

Este conteúdo é referente a Semana 0 do Módulo 1 do curso de Desenho de Perspectiva do Brushwork Atelier Online.

Resumo e Pontos Principais

Desenhar, segundo diversos autores, é aprender a ver. Para tal, existem duas formas principais de desenvolvimento, um pelo lado subjetivo, intuitivo, popularmente conhecido como lado direito do cérebro, e outro objetivo, racional, construtivo, que podemos dizer que corresponde ao "lado esquerdo" do cérebro. Um é mais importante que o outro? Não, cada aplicação terá diferentes usos de ambos os lados. Apesar de algumas aplicações chegarem mais próximas de serem totalmente subjetivas e outras mais próximas do totalmente racional, acredito que na maioria dos casos vamos utilizar um pouco de cada.

Mas afinal de contas, quais são as diferenças principais? Eu explico com muito mais calma nos vídeos a seguir, mas basicamente uma pensa de forma bidimensional, lendo ângulos, espaços e relações, enquanto a outra racionaliza o que vemos em volumes sólidos tridimensionais para depois representá-los no plano bidimensional, utilizando as ferramentas de perspectiva.

Para o iniciante, é muito importante no primeiro momento aprender a ler ângulos e espaços, por isso resolvi trazer um dos últimos capítulos do Framed Perspective 1, do Marcos Mateu-Mestre, para já discutirmos agora. Na sequência, acho interessante o estudante começar a ter contato com os conceitos de perspectiva, que o auxiliarão também a entender como os volumes funcionam e de forma um pouco mais "racional" desenvolver a percepção de espaço, convergência e ângulos.

Conteúdo

*Desculpem a qualidade do áudio, o software gravou com o microfone do notebook ao invés do embutido na webcam.

ERRATA: No exemplo da casa, estamos na verdade olhando PARA CIMA e não DE CIMA, por isso a convergência do terceiro ponto em cima. Também acredito que esta linha do horizonte seria um pouco mais acima.

Exercícios sugeridos:

  • Ler o capítulo 11 do livro Framed Perspective 1

  • Executar pelo menos um desenho de observação de fotos, tente utilizar coisas mais simples como objetos ou casas/prédios.

  • Executar pelo menos um desenho de observação da vida real (life drawing), também utilizando modelos mais simples, como no item anterior.

  • Ler os posts indicados abaixo, principalmente os relacionados ao life drawing, biblioteca visual e o uso de referências para podermos discutir na live.

  • Assistir aos vídeos abaixo analisando as questões comentadas nos vídeos da semana.

Conteúdos adicionais da internet:

Links complementares:

Desenho - Como você pode começar do zero de forma eficiente - http://brushworkatelier.com/blog/2015/8/1/desenho-...

Desenho - Exercícios, técnicas e materiais para você começar ou se desenvolver - http://brushworkatelier.com/blog/2015/9/20/desenho...

Desenho - O "Poder das Caixas" e 12 exemplos de artistas para inspirar seu estudo de volumes e perspectiva - http://brushworkatelier.com/blog/2015/10/15/desenh...

Life Drawing 1 - http://brushworkatelier.com/blog/2015/11/24/desenh...

Life Drawing 2 - http://brushworkatelier.com/blog/2015/12/11/desenh...

Biblioteca Visual 1 - http://brushworkatelier.com/blog/2016/1/8/desenvol...

Biblioteca Visual 2 - http://brushworkatelier.com/blog/2016/1/8/desenvol...

Uso de Referências 1 - http://brushworkatelier.com/blog/2016/4/13/usando-...

Uso de Referências 2 - http://brushworkatelier.com/blog/2016/4/13/usando-...

Uso de Referências 3 - http://brushworkatelier.com/blog/2017/referenciasp...

Semana 1 - Aquecimento, coordenação e materiais

Este conteúdo é a Semana 1 do Módulo 1 do curso de Desenho de Perspectiva do Brushwork Atelier Online. Vale lembrar que os conteúdos do Foundation Patreon, discutidos nos vídeos, foram um bônus para os alunos do curso, para melhor acompanhamento, adquira os tutoriais Term 4 e 6 do gumroad do projeto. Seguem os links:

Term 4 - https://gumroad.com/a/207082707/lUnsl

Term 6 - https://gumroad.com/a/207082707/FVLa

O Brushwork Atelier tem um desconto de 30% na compra de qualquer tutorial do Foundation Patreon, é só utilizar o código de desconto "30offcollection" na hora de pagar.

Resumo e Pontos Principais

Seus braços, pulsos e mãos são, juntamente com seu cérebro, suas ferramentas de trabalho e portanto devem receber o devido respeito. Esta sessão discute exercícios para você melhorar a sua coordenação motora e a relação cérebro-mão. Além disso, apresenta uma grande gama de materiais que você deve aos poucos ver se vão se encaixar no seu processo. Tanto o desenvolvimento das suas habilidades motoras quanto a escolha de materiais que te agradam serão processos de longo prazo, então não jogue tanta expectativa nos resultados de alguns dias de treino. Só para reforçar, não se prenda num mesmo exercício “até ficar bom”, pois isso não vai acontecer rápido. Entenda o conceito, pratique um pouco, siga em frente e volte constantemente a essa prática para aquecer ou exercitar um pouco antes de seguir com o restante dos conteúdos.

Também não treine demais, a ponto de aparecer algum incomodo físico. Você tem que manter sempre um nível de conforto e fazer pausas e alongamentos regulares para evitar qualquer lesão. Estas normalmente são sérias e podem prejudicar muito sua prática no longo prazo. O mesmo vale para postura e ficar tempo demais sentado e/ou em uma posição inclinada. Tome cuidado com sua saúde, física e mental!

Conteúdo

Revisão:

  • Faça os exercícios de forma lenta e consciente. Não faça por fazer!

  • Separe um espaço e um tempo dedicados para a prática.

  • Comece pelas retas e vá aumentando a dificuldade. Procure seus erros e trabalhe sobre os mesmos!

  • Vai levar tempo para melhorar estas habilidades, então não seja perfeccionista. Comece a aplicar assim que se sentir um pouco confortável.

Exercícios sugeridos:

  • 2 páginas de exercícios de linhas retas

  • 2 páginas de exercícios de perspectiva de 1 ponto

  • 2 páginas de exercícios de perspectiva de 2 pontos

  • 2 páginas de caixas em perspectiva sem pontos de fuga (treine sua percepção e sinta falta da teoria)

  • 2 páginas de curvas, ondas e zigzag

  • 2 páginas de elipses (encontre o minor axis)

  • 2 páginas de elipses a partir do minor axis

Bons estudos!

Mais de 50 dos melhores livros que conheço para o estudo de arte

Este post é dedicado a listar e descrever brevemente alguns dos melhores livros que eu conheço para o estudo de diferentes tópicos no mundo das artes. Dentro do possível, tentarei manter este post atualizado, para que seja sempre uma forma de vocês encontrarem boas sugestões.

Também estão colocados os links na Amazon (links afiliados) para os mesmos, que não necessariamente são as opções mais baratas, mas dado o volume de vendas da Amazon costumam ser. Pesquisem! Estes links também ajudam o Brushwork, pois uma porcentagem das vendas vai para o blog.

Vários destes livros tem reviews no canal do Youtube do Brushwork Atelier e as colocarei sempre embaixo da descrição. Você também pode acessar a playlist do Youtube clicando aqui.

Desenho

Desenhando com o Lado Direito do Cérebro - Betty Edwards - http://amzn.to/2mRP1tK

  • Este livro é uma das melhores introduções ao desenho de observação que eu conheço. A autora estrutura o conteúdo em torno da leitura de proporções, ângulos, espaços, valores e até cores, fazendo com que você comece a observar mais e usar menos símbolos na hora de desenhar. Este é o "grande segredo" dos resultados rápidos que a autora sempre usa como marketing do livro e de seus workshops, se você usa menos fórmulas prontas carregadas da infância e começa a observar e desconstruir mais de forma bidimensional, imediatamente seu desenho se aproxima mais do realista. Você pode argumentar que isso não "melhora" o desenho, porém no quesito de realismo, com certeza seu desenho dará um salto.

The Practice and Science of Drawing - Harold Speed - http://amzn.to/2EroUm7

  • Este livro aborda um pouco do que é discutido no livro Desenhando com o Lado Direito do Cérebro, porém de uma forma muito mais aprofundada. Harold Speed mergulha nas diferenças entre a abordagem do desenho com linhas e com massas, suas semelhanças, diferenças, valores e restrições. Para ser sincero, já tentei inúmeras vezes e sempre me senti vencido pelo livro, ainda não conseguindo explorar o conteúdo como deveria. É um livro extremamente recomendado por diversos artistas e ao qual retornarei com certeza no futuro. O artista e estudioso James Gurney fez uma série em seu blog sobre esse livro, segue o link: http://gurneyjourney.blogspot.com.br/2015/08/gj-bo...

Fun with a Pencil - Andrew Loomis - http://amzn.to/2FzzbvY

  • Este livro eu não possuo, apesar de já ter folheado algumas vezes. Pelo que sei é uma ótima introdução ao desenho, de uma forma mais divertida e descomprometida. Loomis aborda principalmente o desenho de imaginação através de um processo de construção com formas geométricas simples.

Successful Drawing - Andrew Loomis - http://amzn.to/2mErtre

  • Este livro já é mais "sério" que o anterior, dando uma introdução tanto aos fundamentos do desenho (linhas, perspectiva e valores) quanto ao processo de ilustração (utilizando uma estrutura que ele chama de 5Ps e 5Cs). Discuti muito desses assuntos no meu post sobre desenho, vale a pena conferir: http://brushworkatelier.com/blog/2015/8/1/desenho-...

Perspectiva

Técnicas de ilustração à mão livre: Do ambiente construído à paisagem urbana - Eduardo Bajzek - https://amzn.to/2IkDGzV

  • Este para mim é o melhor livro em português de desenho em perspectiva, incluindo também técnicas de ilustração, desenho urbano, desenho de vegetação e de arquitetura. Estudei muitas vezes com o Bajzek e muito do conhecimento compartilhado em seus cursos, assim como sua atenção para detalhes e didática caprichosa, se concretizam nesse material. Sem dúvidas é um ótimo investimento para aprender a desenhar.

Perspective Made Easy - Ernest Norling - http://amzn.to/2hhjjrh

  • Este livro é uma ótima introdução aos conceitos fundamentais do desenho em perspectiva, bem didático e de leitura mais leve. Outro ponto alto é que ele sugere MUITOS exercícios tanto de construção quanto de observação, uma ótima referência para quem estiver precisando de ideias para estudar perspectiva.

Creative Perspective for Artists and Illustrators - Ernest Watson - http://amzn.to/2zoqXol

  • Este outro vai um pouco além do Perspective Made Easy, mostrando diversos exemplos de aplicações dos conceitos (infelizmente porém se restringe bastante a ilustração). Fiz um post sobre o tópico de Perspectiva com base em um vídeo do curso do Marshall Vandruff que usa este livro como base. Segue o link: http://brushworkatelier.com/blog/2016/3/31/perspec...

How to Draw - Scott Robertson e Thomas Bertling - http://amzn.to/2nAMUdz

  • Sou suspeito para falar, mas acho um dos melhores livros no trabalho da forma tridimensional. Como falamos anteriormente, livros como Desenhando com o Lado Direito do Cérebro são ótimas referências para o desenho bidimensional, mais focado na leitura de shapes do que forms (pensamento de formatos bidimensionais e volumes tridimensionais). Este livro trabalha um conceito muito interessante e que tem se mostrado na prática muito eficaz para o desenvolvimento da percepção tridimensional, o draw through (ou desenhar através). Este método, muito ensinado no Art Center College of Design, propõe que desenhemos ou pelo menos imaginemos o que está além do que conseguimos ver de um objeto no ângulo que estamos olhando o mesmo. Essa é uma poderosa ferramenta para entender estrutura e como a perspectiva vai se comportar em diferentes contornos de forma. Fiz um post especificamente sobre esse livro, vale a pena conferir: http://brushworkatelier.com/blog/2015/7/13/scott-r...

Framed Perspectiva 1 - Marcos Mateu-Mestre - http://amzn.to/2nANRT8

  • O que o How to Draw apresenta em questões técnicas, Framed Perspective 1 complementa com observação e percepção. Existem sim alguns tópicos que se sobrepõem, porém, como as abordagens são diferentes, você ainda vai tirar muitos ensinamentos dos mesmos. Além disso, Marcos Mateu toca em algumas questões não exploradas por Scott Robertson, como os planos inclinados e também perspectiva de 3 pontos.

Criei um post sobre como utilizar estes dois livros acima para melhorar sua perspectiva:

https://brushworkatelier.com/blog/2019/2/22/aprendendo-perspectiva-com-how-to-draw-e-framed-perspective-1-como-eu-estudaria

Framed Perspectiva 2 - Marcos Mateu-Mestre - http://amzn.to/2mS7Cph

  • O segundo livro da série explora mais a projeção de sombras e principalmente a estrutura de perspectiva da figura e sua iluminação. Este é talvez um dos tópicos de especialidade do Marcos Mateu-Mestre, explorar desenhos através da luz e sombra com preto e brance e talvez alguns poucos outros valores, por isso, acho um livro fantástico para se explorar. Confesso preciso explorar mais os conceitos da figura humana no mesmo e retornarei com mais questões no futuro.

Desenho da Figura Humana

Drawing from Life - George Bridgman - http://amzn.to/2mcb29i

  • Este livro é muito bom principalmente para entender o volume dos músculos do corpo e parte de seu funcionamento. Por muito tempo estudei este conteúdo errado e esse vídeo do Proko acho uma ótima saída para que você não faça o mesmo:

Figure Drawing for All it's Worth - Andrew Loomis - http://amzn.to/2mbYvD3

  • O livro do Loomis trabalha bastante a questão da figura em perspectiva, assim como o livro Framed Perspective 2, do Marcos Mateu-Mestre. Também é outro conteúdo que preciso estudar mais a fundo, mas muito conceituado no meio artístico.

Drawing the Head and Hands - Andrew Loomis - http://amzn.to/2DQbWNo

  • Este livro eu não tenho, por isso não tenho muito como comentar a respeito. Sei que muitos artistas, como a Karla Ortiz por exemplo, defendem muito que a força de uma imagem que possua uma ou mais figuras está nas cabeças e mãos. Esta também é uma disciplina específica da estrutura curricular de ilustração no Art Center. Tendo isso em vista, é natural que Loomis pare para abordar o tema mais em profundidade neste conteúdo específico. Mais para frente pretendo comprá-lo e retornarei com mais informações. Se alguém tiver e quiser comentar aqui embaixo, fique a vontade.

Figure Drawing for Artists - Steve Huston - http://amzn.to/2A2NiKE

  • O que mais gosto da abordagem do Steve Huston é que além de apresentar as questões de estrutura, gestual e anatomia, ele sempre correlaciona com o que os grandes mestres faziam e o que podemos aprender com isso.

Figure Drawing for Concept Artists - Kan Muftic - http://amzn.to/2zugp6i

  • Kan Muftic, além de uma grande desenhista da figura, é também um grande concept artist, tendo atuado para as indústrias de games e cinema. Nesse livro, o mais interessante é que além de explicar muito bem o desenho da figura, ele também correlaciona com o que conseguimos aplicar no concept art, além de outras práticas como o desenho de figuras, animais e prédios nas ruas.

How to Draw Portraits in Charcoal - Nathan Fowkes - http://amzn.to/2sWrQUT

  • A prática do retrato, para Nathan Fowkes, não é só uma forma de representar o modelo, mas também uma forma de explorar técnicas de composição muito mais avançadas, controle de bordas e fluxo da leitura. É muito interessante ver como é visível a tradução destas questões tanto em seu trabalho de retratos quanto de paisagens. O livro é bem didático, com muito exemplos práticos e também "correções" de obras de estudantes.

Figure Drawing: Design and Invention - Michael Hampton - http://amzn.to/2GYvsJS (normalmente não está disponível, mas pode ser encontrado na amazon americana)

  • Outro livro muito recomendado sobre o desenho da figura humana, cobrindo desde o gestual até a finalização. Muito interessante para compreender um pouco melhor o processo de desenvolvimento, volumes e proporções da figura. Assim como para o Bridgman, estudei este livro de maneira bem mecânica e obtive poucos resultados, sendo assim tente sempre aplicar o que estiver aprendendo. Segue um vídeo discutindo essa questão:

Desenho de Animais e Criaturas

Animals Real and Imagined - Terryl Whitlatch - http://amzn.to/2tQv2xw

  • Este foi o primeiro livro lançado pela Terryl e poderíamos dizer que é mais uma coletânea de seus trabalhos. Eu particularmente gosto muito do trabalho dela, então sou suspeito para falar.

The Science of Creature Design - Terryl Whitlatch - http://amzn.to/2tw4T8a

  • Nesta série de dois livros, Terryl apresenta uma abordagem mais didática, primeiramente falando da ciência do design de criaturas, anatomia, alterações e criações.

Principles of Creature Design - Terryl Whitlatch - http://amzn.to/2ssKB0z

  • Neste segundo livro, Terryl discute os princípios do design de criaturas e como utilizar o que aprendemos no primeiro livro. Ela também trás exemplos do trabalho que fez para a franquia Star Wars.

The Art of Animal Drawing - Ken Hultgren - http://amzn.to/2FtUjUb

  • Este é um livro bem acessível e também bem didático do desenho de animais. Ele discute tanto a construção por volumes, entendimento da anatomia, quanto o fluxo de leitura, gestual, texturas e acabamento. Ele também cobre questões como cartoonização e caricatura.

The Weatherly Guide to Drawing Animals - Joe Weatherly - http://amzn.to/2tvKv6Z

  • Assim como o livro do Ken Hultgren, Joe Weatherly aborda uma gama ampla de abordagens ao desenho assim como uma gama ampla de animais sendo trabalhados. Eu particularmente gosto bastante da sua didática e do resultado de seus desenhos. Infelizmente não é tão fácil de encontrar aqui no Brasil.

Gestual e Acting

Drawn to Life: Volume 1 - Walt Stanchfield - http://amzn.to/2ldXvxT

Drawn to Life: Volume 2 - Walt Stanchfield - http://amzn.to/2i2egrD

  • Esta série de livros é uma coletânea de exercícios ensinados por Walt Stanchfield para os artistas da Disney durante muitos anos. Os exercícios trabalham principalmente o gesto e movimentos da figura, porém abordagem diversas outras questões como volume, fluxo de leitura, cartoonização, dentre outros.

Luz e Cores

Color and Light - James Gurney - http://amzn.to/2mS7LsP

  • James Gurney também cobre uma gama grande de assuntos relacionamos a iluminação e cores neste livro. Ele começa falando dos diferentes tipos de iluminações, luzes naturais vs artificiais, direção de luz, até chegar em materias, efeitos atmosféricos e a compreensão da aplicação destes conceitos em diferentes pigmentos.

Em complemento a esse review, escrevi um post indicando como eu estudaria este fantástico livro do James Gurney:

https://brushworkatelier.com/blog/2015/7/25/james-gurney-e-seu-livro-color-light

How to Render - Scott Robertson e Thomas Bertling - http://amzn.to/2mRPLin

  • Este é um livro bem técnica sobre iluminação e materiais. Ele começa discutindo a projeção de sombras, partindo na sequência para valores em sólidos geométricos e vai aos poucos aumentando a complexidade dos mesmos. Praticamente a segunda metade inteira do livro é dedicada a reflexões e outros tipos de materiais, desta vez já incorporando as cores locais e da iluminação na equação.

Color Choices - Stephen Quiller - http://amzn.to/2GBo3jh

  • Este é um livro bastante recomendado para o estudo de cores, com muito exercícios sugeridos. Infelizmente ainda não tive tempo de estudá-lo para conhecer melhor o conteúdo, mas certamente retornarei aqui com mais informações no futuro.

Pintura

Alla Prima II - Richard Schmid - http://amzn.to/2tvN35a (normalmente não está disponível na Amazon BR)

  • Alla Prima é uma grande referência para o estudo da pintura a oleo e especialmente da obra do mestre Richard Schmid. Schmid divide uma pincelada em quatro grandes questões, desenho ou shape, valor, cor e borda e é em torno dessa estrutura que ele discute seus aprendizados ao longo de uma vida inteira nesta prática.

Oil Painting Techniques and Materials - Harold Speed - http://amzn.to/2DOrxNy

Paisagem e Vegetação

Botany for the artist - Sarah Simblet - https://amzn.to/2KG8Z59

  • Este livro é um guia muito interessante para o mundo do desenho botânico. Sarah Simblet tem, além de um traço maravilhoso, uma ótima didática para apresentar os tópicos. Sendo assim, o livro serve tanto como uma visão geral de todos os tópicos envolvidos quanto uma bela referência para qualidade de trabalhos.

Carlson's Guide to Landscape Painting - John F. Carlson - http://amzn.to/2EA5ZFK

  • Uma opção extremamente acessível para quem quer começar no desenho e pintura de paisagens, incluindo questões de desenho, perspectiva, escolhar, composição e valores.

Compositon of Outdoor Painting - Edgar Payne - http://amzn.to/2tQFg15 (normalmente não está disponível)

  • Este também é um dos livros mais recomendados de composição para artistas, porém desta vez com foco no desenho e pintura de paisagens. Edgar Payne discute os grandes shapes, composições geométricas, equilíbrio, valores e ponto focal, além de muitas outras questões interessante. Um comentário de Craig Mullins sobre o livro é para tomarmos cuidado para não seguir muito a risca as tais "regras de composição", pois na realidade não existem regras.

Composição e Cinematografia

Dream Worlds - Hans Bacher - http://amzn.to/2uCg8zt

  • Uma mistura de Framed Ink com The Visual Story, porém com foco na indústria de animação. Muito interessante perceber todas as decisões tomadas no design de cenas de grandes filmes como A Bela e a Fera, Rei Leão, entre outros.

Hans Bacher também tem outros dois livros muito interessantes, porém que ainda não tive a oportunidade de explorar.

Sketchbook: Composition Studies for Film - Hans Bacher - https://amzn.to/2Ixgpdk

  • Este é mais um art book do que instrucional, porém com vários estudos de composição cinematográfica, tema muito discutido de forma didática no livro acima.

Vision: Color and Composition for Film - Hans Bacher - https://amzn.to/2ZbZ7rR

  • Este pelo que consegui ver pela internet se aprofunda ainda mais nas escolhas de cinematografia, porém desta vez dedicando bastante para cores.

Picture This: How Pictures Work - Molly Bang - http://amzn.to/2hrqq0C

  • Utilizando uma linguagem com formas geométricas simples, Molly Bang explica de forma primorosa a organização de elementos em uma imagem, clima da leitura e storytelling. Uma introdução muito legal ao mundo da composição.

Framed Ink - Marcos Mateu-Mestre - http://amzn.to/2saeC3c

  • Um dos livros mais recomendados de composição para artistas. Marcos Mateu-Mestre discute tanto imagens única quanto artes sequenciais, dando muita ênfase nos grandes shapes e no fluxo do olhar através da imagem. Ele utiliza muito contrastes de preto e branco, assim como faz em seu trabalho. Um perigo deste livro é copiá-lo sem questionar o que você está realmente aprendendo e sem aplicar posteriormente.

The Visual Story - Bruce Block - http://amzn.to/2DXiSIX

  • Este livro é bem voltado para o estudo de cinematografia, iluminação de cena, câmeras e composição. Ainda não estudei o material como gostaria, porém deve ser muito interessante fazê-lo juntamente com a análise de filmes e depois a criação de cenas de imaginação.

Design

Mechanika - Doug Chiang - http://amzn.to/2yXo8Jh

  • Doug Chiang é um dos responsáveis pelo visual dos novos filmes da franquia Star Wars, incluindo os episódios 1, 2, 3, 7 e 8. Neste livro, ele apresenta o seu processo de design de veículos e mechs, ele também apresenta alguns dos conceitos fundamentais do design e a utilização de ferramentas como marcadores para explorar ideias.

H-Point: The Fundamentals of Car Design & Packaging - http://amzn.to/2sWoJfK

  • Para mim, este não só é um dos melhores livros relacionados ao design de carros, mas também uma ferramenta muito interessante para se entender melhor o processo de pesquisa, definição de restrições e objetivos de um projeto, exploração de ideias, trabalhar com inúmeros sistemas conectados até a finalização do produto.

The Skillful Huntsman - Scott Robertson, Khang Le, Mike Yamada e Felix Yoon - http://amzn.to/2mBh1QA

  • Uma fantástica exploração pelo processo de criação de mundos, tanto do ponto de vista de alunos quanto da supervisão de um instrutor. Scott Robertson pega uma história pequena e orienta seus alunos, os artistas Khang Le, Mike Yamada e Felix Yoon, a desenvolverem todo o universo que a rodeia, incluindo cenários, personagens, props e veículos.

Sketching from the Imagination: An Insight Into Creative Drawing - http://amzn.to/2zNgbbD

  • Este livro é uma coletânea de entrevistas e trabalhos de diversos artistas sobre o desenho de imaginação. Além de grande forma de inspiração, os textos ainda dão muitas ideias de como abordar suas próprias criações.

Sketching from Imagination: Characters - http://amzn.to/2hZT99g

  • Assim como o livro acima, o conteúdo aborda o desenho de imaginação, com entrevistas e imagens de muitos artistas, inclusive três brasileiros, Hugo Richard, Bruno Biazotto e Rael Lyra). A grande diferença é que esta edição foca especificamente em personagens.

Existem outros volumes desta série acima, que também exploram o desenho de imaginação, porém focados em temas como Sci-Fi, Fantasia, Dark Ages, dentre outros. Vale a pena explorar.

Ilustração e Storytelling

Imaginative Realism - James Gurney - http://amzn.to/2sW4638

  • Este livro é um guia fantástico para o aprendizado do desenho de imaginação, quebrando alguns paradigmas quanto ao uso de referências e ao processo de ilustração. Gurney também discute a aplicação destas habilidades em diferentes áreas da indústria do entretenimento.

Creative Illustration - Andrew Loomis - http://amzn.to/2vcdG3D

  • Uma bíblia da ilustração, englobando aspectos do trabalho de linha, valores e cores, e como ordená-los de forma a melhor construir uma imagem. Loomis também discute questões de storytelling e as aplicações de mercado da ilustração. Este livro é recomendadíssimo por diversos ilustradores, como por exemplo a Karla Ortiz. E ela mesma sugere q ele seja lido várias vezes ao longo do seu desenvolvimento, pois certamente algumas informações vão ficar claras somente quando você já tiver alguma experiência.

Story - Robert McKee - http://amzn.to/2BYeyXM

  • Aprender a contar história é uma ferramenta importante para artistas. Esse livro é extremamente recomendado entre roteirista, então acredito ser de grande valor para nós artistas. Confesso que ainda não o estudei.

A Jornada do Escritor - Christopher Vogler - http://amzn.to/2nOpQZY

  • Mais um livro voltado para roteiros, Vogler discute a aplicação e alteração de conceitos como a Jornada do Herói na hora de contar histórias. Mais um livro que só comecei a ler e preciso retomar.

Concept Art

Big Bad World of Concept Art for Video Games - Elliot Lilly - http://amzn.to/2niHC96

  • Este material cobre tudo que você precisa saber para começar a se desenvolver para uma carreira em concept art, principalmente sobre o que faz um artista nessa posição, o que você precisa desenvolver de habilidades para chegar lá e como apresentar estas habilidades para as empresas te conhecerem.

The Big Bad World of Concept Art for Video Games: How to Start Your Career as a Concept Artist - Elliot Lilly - https://amzn.to/2tUW3So

  • Este livro evolui sobre o que foi discutido no primeiro, focando desta vez em aspectos de carreira e não tanto de aprendizado.

História

Para tentar entender um pouco da importância do estudo de história para artes, fiz um post com o amigo Matheus Camilo:

https://brushworkatelier.com/blog/2019/1/16/estudando-histria-da-arte-por-onde-comear

A História da Arte - E. H. Gombrich - https://amzn.to/2Lx3gyC

  • Este é um dos livros mais recomendados para começar a estudar a História da Arte. Apesar de ser um pouco superficial em certos tópicos, sua leitura é fluida e certamente vai te motivar a querer saber mais sobre cada período.

História Ilustrada da Arquitetura - Publifolha - http://amzn.to/2tNnqeT

  • Referência fantástica para o estudo da história da Arquitetura em seus mais diversos estilos e elementos arquitetônicos. As ilustração também são muito bonitas e didáticas.

Tudo sobre Arquitetura - https://amzn.to/2Nta1Dd

  • Esta é uma opção super acessível para conhecer a história da arquitetura, incluindo também uma grande parte sobre períodos mais modernos.

História global da arquitetura - Francis Ching - https://amzn.to/2XaKnb6

  • Este livro é na minha opinião o melhor sobre o tema da Arquitetura. Ele é bem grande, porém sua leitura é bem fluida e cobrindo vários períodos em bastante detalhamento.

História Ilustrada do Vestuário - Publifolha - http://amzn.to/2uicyaW

  • Seguindo a linha dos outros livros dessa série, a história do vestuário cobre períodos desde o mundo antigo até alguns movimentos mais recentes. Também apresenta os elementos constituinte e a "gramática" do vestuário. Anthony Jones é um artista que valoriza muito o estudo de moda para melhorar o design de personagens.

História Ilustrada da Guerra - Publifolha - http://amzn.to/2uGNVY1

  • Uma coisa que aprendi com o artista Even Mehl Amundsen foi a respeitar a história e funcionalidades de elementos presentes nela. Acredito que os elementos de guerra, nesse nosso meio de entretenimento, sejam alguns dos mais presentes e também mais mal utilizados. Esse livro me mostrou uma introdução interessante sobre a evolução de armas até as armas de fogo e também a funcionalidade de castelos, fortificações e estratégias de combate.

História Ilustrada do Mundo Antigo - Publifolha - http://amzn.to/2uFToyo

  • Imaginar a vida em períodos muito antigos é um processo bem complexo. Esse livro cobre uma gama bem ampla de tópicos, como política, lazer, guerra, arquitetura, comércio, geografia, entre muitos outros, e os discute em quatro contextos diferentes, Egito Antigo, Mesopotâmia, Grécia e Roma. No final, ele também apresenta algumas questões de povos do oriente e algumas outras civilizações.

Obrigado por ter lido! Espero que tenha gostado, deixe sugestões nos comentários e possivelmente as incluirei aqui no post!

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Muito obrigado por acompanhar e bons estudos!

Aprendendo desenho e perspectiva com How to Draw e Framed Perspective 1 - Como eu estudaria?

Este post é um oferecimento do curso de Fundamentos da Perspectiva do Brushwork Atelier Online, que está com as inscrições abertas para a Turma 6 que começa dia 24 de março de 2019. Mais informações pelo link: https://brushworkatelier.com/fundamentos-perspectiva/

Essa não é a primeira vez que eu discuto perspectiva aqui no blog. Na verdade, é um tema recorrente e não é a toa, uma vez que é a base de todo desenho e pintura, seja de observação ou imaginação.

Para tentar ilustrar a importância do desenho na construção de qualquer imagem, vou tentar utilizar os conceitos de Craig Mullins nesse vídeo ao lado. Ele explica que você está representando formas e que você deve compreende-las com a mente de um escultor. Depois de compreender os volumes, você precisa compreender de que ângulo ou qual perspectiva este volume está sendo visto. Pensando em elementos iluminados, temos que entender também como estaremos vendo essa iluminação da perspectiva da cena. Todos estes elementos geram shapes, ou formas/planos bidimensionais, na tela, ou câmera, ou papel. E são estes shapes os elementos que o pintor terá que trabalhar para construir sua imagem.

Ele ainda acrescenta que se você não sabe trabalhar com as formas e perspectiva, o que ele chama de desenho, você não conseguirá gerar clareza em seus shapes e sua pintura perderá sua estrutura. Por outro lado, quando você começa a dominar melhor estes elementos, você poderá começar a manipula-los da forma que quiser.

Para ele, o rigor da construção é algo faltando muito na evolução de artistas atuais, principalmente pela facilidade de ferramentas como Photoshop. Como exemplo de modelos interessantes, ele cita o estudo no guache onde você não tem tanta capacidade de mesclar os shapes, onde você precisa tomar decisões claras. E ele acredita que seja importante ficar com essa restrição por 1 a 2 anos, antes de evoluir para mídias como óleo. Outro exemplo interessante são os estudos de casts (esculturas de gesso), como era e ainda é feito em métodos mais acadêmicos. Para ilustrar com artistas, podemos falar de grandes nomes como Syd Mead, Nathan Fowkes e o próprio Craig Mullins que tiveram seus estudos, principalmente universitários, realizados em uma era pré digital ou de mais modernos como os alunos do Art Center e escolas como Brainstorm que tem uma rígida progressão, envolvendo bastante desenho tradicional, e da Karla Ortiz, que teve o ateliê acadêmico como importante parte do seu desenvolvimento.

Resumindo, isso tudo foi só para dar o contexto inicial da importância do desenho e da perspectiva que vamos ver aqui neste post. Se você quiser ver outros posts bem interessantes sobre o tema é só clicar nos links abaixo:

Desenho - Como você pode começar do zero de forma eficiente

Desenho - Exercícios, técnicas e materiais para você começar ou se desenvolver

Tutoriais de alta qualidade e baixo custo para o aprendizado dos fundamentos do desenho

Desenho - O "Poder das Caixas" e 12 exemplos de artistas para inspirar seu estudo de volumes e perspectiva

Perspectiva - Por onde começar de forma eficiente?

Se vocês prestarem atenção, vão ver que a maioria destes posts foi feito há aproximadamente 3 anos. De lá para cá, algumas coisas mudaram na minha forma de ver o desenvolvimento artístico, seja por experiência própria em meus trabalhos, assim como o que aprendi como educador, tendo lecionado 5 semestres de Fundamentos da Perspectiva com quase 150 alunos até o momento. Dessa nova visão, saiu este vídeo abaixo, uma reflexão sobre as formas de aprendizado destes tópicos que podem parecer tão complicados, como a Perspectiva, e principalmente no desenvolvimento da percepção tridimensional, que como veremos mais pra frente é o principalmente motivo pelo qual estudamos os conceitos fundamentais de perspectiva, na minha opinião.

Pessoalmente, por ter uma base bastante sólida de exatas, tendo até me graduado em engenharia, minha abordagem para o problema da perspectiva foi bem racional. O que eu discuto no vídeo acima como o processo de conceitualização ou racionalização de como as coisas funcionam. Literalmente, qual é a física/geometria por trás da representação de um mundo tridimensional na superfície bidimensional do papel. Muito do que aprendi foi com professores fantásticos como Gary Meyer (através da Gnomon Workshop) e principalmente Erik Olson (na New Masters Academy). E me identifiquei bastante com eles também pela abordagem lenta, metódica e racional para o problema. Você podem ver um pouco da minha evolução neste vídeo:

Porém, qual é o motivo real de toda essa racionalização, especialmente para artistas e principalmente no mundo moderno que vivemos? Na minha opinião, no passado fazia muito sentido ter todas essas ferramentas a sua disposição para produzir, uma vez que não existiam muitas opções como modelagem 3D e Photoshop, tudo tinha que ser construído “na mão”. E para você ter certeza que um desenho que passaria semanas renderizando, possivelmente em uma pintura, estava correto, era só utilizando todas as ferramentas que você pudesse.

Nos tempos atuais e algo que tem funcionado muito com meus alunos, é que essas racionalizações nada mais são do que atalhos e ferramentas para o desenvolvimento da percepção. Entender onde o observador está, como ele olha para uma cena, onde começam as distorções, são formas de praticar como vemos as coisas e desenvolver o senso crítico se o que estamos desenhando “parece certo”. Podemos continuar utilizando várias ferramentas que aprendemos, mas o mais importante é a prática para entender intuitivamente esse parecer certo.

Afinal de contas, como abordo nos vídeos abaixo, perspectiva é profundidade, a ilusão de 3D no plano do papel. Para isso, temos o auxílio dos 5 pilares discutidos por Marshall Vandruff, diminuição, escorço, convergência, perspectiva atmosférica e sobreposição, sendo destes os três primeiros extremamente dependentes da perspectiva linear para serem executados corretamente, seja através da racionalização ou percepção.

E perspectiva se aplica a tudo, seja em elementos inorgânicos, com ângulos retos, as caixas e casinhas que sempre lembramos quando pensamos em perspectiva (como comenta Craig Mullins no vídeo abaixo), mas também em elementos inorgânicos e nas figuras, como vemos em ambos os vídeos abaixo e veremos também outros exemplos mais para frente:

Legal, até aqui entendemos a importância do desenho e também a importância da perspectiva como base da representação das formas e shapes desses desenhos, certo? Mas por que especificamente estudar por estes dois livros?

Existe muita literatura disponível e alguns são livros bem bacanas, como o Perspective Made Easy, Creative Perspective for Artists and Illustrators e até mesmo livros um pouco mais genéricos, como Successful Drawing do Andrew Loomis.

Porém, como disse em um post que fiz sobre o How to Draw anos atrás, quando escolhi ele como base estrutural do meu curso, tenho dois motivos principais para escolher estes livros, um referente a minha evolução artística e outro baseado na análise do nosso mercado. Pensando em toda a experiência que acumulei ao longo dos anos, me sinto muito confortável em discutir os assuntos de um ponto de vista um pouco mais racional, tirando qualquer dúvida que possa surgir sobre o tema, além de saber hoje em dia quais assuntos cabem bem com que tipo de aplicação, algo que veremos mais em detalhes na sequência. Segundo, que How to Draw e Framed Perspective são livros lançados pela Design Studio Press, editora de Scott Robertson criada para suprir e complementar muitas das demandas do Art Center College of Design, em Pasadena, uma das melhores escolas de concept art do mundo, de onde saíram grandes artistas que hoje atuam nos mais diversos projetos de jogos, filmes e animações. O conjunto dos dois é, em minha opinião, a fonte impressa mais completa e sólida de desenho básico voltado para entretenimento. Estes autores tem em seu currículo anos e anos de experiência tanto prática quanto de ensino para alguns dos melhores desenhistas e designers da nossa indústria, como John Park, James Paick, Victoria Ying, Joon Ahn, Khang Le, Mike Yamada, dentre muitos outros. Seguem dois reviews que fiz para os livros:

E onde eu consigo compra-los? Comprando os livros através destes links associados da Amazon, vocês ajudam o Brushwork Atelier:

How to Draw - Scott Robertson e Thomas Bertling

Framed Perspective 1 - Marcos Mateu-Mestre

Para quem não conhece os autores, vale procurar um pouco mais a respeito. Cheguei a fazer um post no passado sobre o Scott Robertson que você acesse clicando aqui e também segue uma entrevista com cada um deles:

Mas vamos ao que interessa. Como eu estruturaria estudos baseado nestes dois livros? Só lembrando que esta é a mesma estrutura que uso hoje em dia no meu curso de Fundamentos da Perspectiva, então é algo que estou constantemente passando para meus alunos e inclusive este post será um ótimo guia de começo de estudos. A estrutura tem no curso 22 semanas que se estendem normalmente por até 25/26 com pausas programadas, revisões e projetos finais. Aqui vou separar em 25 semanas, sendo 2 para cada uma das propostas de projeto final. É uma proposta semelhante ao feito para o livro Color and Light, do James Gurney, nest outro post.

Semana 0 - Observação

  • Framed Perspective 1: Capítulo 11 - Páginas 195 a 213

Já começamos tudo ao contrário, pegando um capítulo do do fim do livro do Marcos Mateu-Mestre. E por que isso? Observação é algo que, na minha opinião, faremos no começo, no meio e no fim de nossas trajetórias artísticas. Dito isso, acho importante começar com os conceitos fundamentais de leituras de ângulos, espaços, relações verticais e horizontais. No How to Draw, Scott assume isso como algo que o artista já vai ter e no Framed Perspective, não sei porque vem como algo no final do livro. Os conceitos são parecidos com o que é apresentado por Betty Edwards em seu livro Desenhando com o Lado Direito do Cérebro, assim como por Charles Bargue em seu livro acadêmico (vídeo abaixo).

Este processo vai ser especialmente importante quando você estiver desenhando da vida real. Eu atualmente tento mesclar um pouco os conhecimentos racionais de perspectiva, com o que estou observando e lendo no local. Este desenho abaixo é um exemplo disso, toda a construção foi feita ao vivo e posteriormente eu trabalhei mais nos detalhes e valores de foto.

Arte de Luiz Celestino

Seguem alguns outros trabalhos meus com uma abordagem semelhante:

Uma ótima referência da perspectiva aplicada a observação é este livro abaixo, que teve contribuição do amigo e grande artista Eduardo Bajzek.

Outro ponto muito importante da observação, que precisa ficar claro para o restante das semanas é a questão de Biblioteca Visual. Costumo dizer que existem dois pilares principais de aprender a desenhar, principalmente de imaginação e memória, o primeiro deles é o desenvolvimento da percepção tridimensional, formas, perspectiva e shapes, como já falamos anteriormente. O segundo é ter repertório para desenhar. É como querer falar uma nova língua sem ter vocabulário, você pode entender todas as estruturas verbais e como construir uma frase, mas sem palavras fica impossível. E é só praticando muito, observando muito, entendendo as proporções, funcionalidades, detalhes e sutilezas das coisas que você realmente vai começar a construir essa biblioteca. Essa prática vai ser principalmente através do uso de referências constantemente em seus desenhos, assim como a prática em paralelo do desenho de memória e imaginação.

Não vou ser tão redundante neste post, pois já falei muito sobre o assunto. Seguem dois vídeos sobre o tema e alguns links:

Desenvolvendo sua biblioteca visual (parte 1/2)

Desenvolvendo sua biblioteca visual (parte 2/2)

Usando referências (parte 1/3) - Perigos, preconceitos e o poder do uso de referências

Usando referências (parte 2/3) - Interpretando o que você vê e traduzindo para seu desenho/pintura

Usando referências (parte 3/3) - Aprendendo com as referências para criar algo novo

Semana 1 - Materiais e Aquecimento

  • How to Draw: Capítulo 1 - Páginas 11 a 19

  • Framed Perspective 1: Capítulo 11 - Páginas 198 e 210

Outros elementos que seguirá toda nossa progressão como artistas são o desenvolvimento das habilidades motoras, coordenação, precisão, flexibilidade, sustentabilidade, assim como nossa experimentação com diferentes materiais. Não existe certo e errado, nem por onde começar, o que é “permitido”. Cada material e ferramenta terá pontos positivos, negativos, aplicações, funcionalidades e limitações.

Um exemplo interessante que me foi apresentado pela primeira vez pelo Scott Robertson é o uso da caligrafia e estudo de fontes para melhorar nossa qualidade técnica e de execução. Também é uma boa ferramenta para de forma indireta aprender sobre boa distribuição de espaços, positivos e negativos e pesos de linha.

Recentemente também descobri que a FZD pede um exercício relacionado a caligrafia em suas aulas. Segue um exemplo:

Retirada do site da FZD

Existem muitos exercícios diferentes, incluindo linhas verticais, horizontais, diagonais, repetições, elipses, círculos, triângulo, conexão de pontos, arcos e muitos outros. Cabe a cada um descobrir o que funciona melhor para si. Alguns exemplos são estes apresentados no vídeo da CGMA do curso de Dynamic Sketching do Peter Han e pelo vídeo do James Murphy, do moderndayjames:

Desenvolver sua linha, assim como desenvolver sua percepção, é algo que não vai levar dias, nem semanas, vai levar anos. Então tenha paciência, continue sempre praticando, mas não espere ter a “linha perfeita” para começar a avançar nos outros tópicos. Assim como não espere ter todos os conhecimentos de perspectiva para começar a desenhar de observação.

Semana 2 - Conceitos Fundamentais

  • How to Draw: Capítulo 2 - Páginas 20 a 27

  • Framed Perspective 1: Capítulos 1, 2, 3 e 4 - Páginas 9 a 41

Existe uma série de elementos que compõem um sistema de perspectiva que devemos aprender para poder realmente discutir como tudo funciona. Entre eles estão o observador (comumente chamada de Station Point na bibliografia estrangeira), a linha do horizonte, a linha da visão, o plano da imagem (ou Picture Plane), o cone da visão e os famosos pontos de fuga. Vou compartilhar com vocês um vídeo dessa aula para deixar as coisas mais claras:

Semana 3 - Ferramentas 1

  • How to Draw: Capítulo 3 - Páginas 29 a 35

  • Framed Perspective 1: Capítulo 4 - Páginas 42 a 49

Além das nomenclaturas e conceitos, existe uma série de ferramentas que são muito uteis no dia a dia do desenho de perspectiva. Nesta e na próxima semana é importante pratica-las para gerar fluidez em seu uso. No futuro, elas serão muito importantes na construção de grids e sólidos complexos.

Uma das mais importantes é o que eu chamo de “Regra do X”, que nada mais é do que utilizar as diagonais de um quadrado ou retângulo para encontrar o seu centro em perspectiva. Como existe convergência para um ponto de fuga, o centro não estará exatamente na metade das proporções, então precisamos encontra-lo através dessa ferramenta. Você também pode vê-la em uso por Feng Zhu a partir do minuto 28 deste vídeo abaixo. Ele também faz uma explicação breve do conceito.

Como exercício prático, é interessante desenhar elementos inorgânicos simples, como móveis e comodas, ou até mais complexos como edifícios, onde é muito utilizada a ferramenta do X, encontrar o meio para posicionar elementos como portas, maçanetas, janelas. Também é interessante utilizar outras técnicas de divisão de planos.

Semana 4 - Ferramentas 2

  • How to Draw: Capítulo 3 - Páginas 35 a 43

Vamos continuar praticando e aprofundando nas ferramentas de perspectiva, dessa vez espelhando planos e curvas, assim como apresentado neste vídeo abaixo:

Podemos agora desenhar alguns objetos mais complexos e curvos. É sempre importante ir praticando suas habilidades, colocando-as em xeque e percebendo o que ainda precisa melhorar.

Semana 5 - Perspectiva de 1 ponto de fuga

  • How to Draw: Capítulo 4 - Páginas 45 a 48

Já temos ferramentas o suficiente para começar a aplicar em vários estudos de observação e de desconstrução. Agora, vamos começar a aprofundar um pouco mais nos conceitos técnicos. No meu curso, essa semana e a próxima são as duas mais “matemáticas”, mas que ajudam muito os alunos a entender como funciona realmente um grid, primeiramente com 1 ponto de fuga e depois com 2. Esse também é um ótimo momento para começar a aplicar, como nessa demonstração abaixo.

E para inspirar um pouco vocês a seguirem firmes e fortes, olha o que podemos fazer depois com 1 ponto de fuga:

Como sugestão de aplicação e exercício, é interessante começar a trabalhar cenas mais complexas, como cômodos da sua casa.

Semana 6 - Perspectiva de 2 pontos de fuga

  • How to Draw: Capítulo 4 - Páginas 49 a 52

Seguindo o que falamos sobre a Semana 5, na Semana 6 os conceitos ficam ainda mais complexos uma vez que estamos saindo da simplificação que é o sistema de 1 ponto de fuga. É bom começar a blocar itens simples e ir aos poucos aumentando a complexidade. Um exemplo muito legal que encontrei da FZD foi que eles fazem construções de letras em perspectiva. É uma ótima forma de praticar grids, convergências e também as ferramentas das semanas 3 e 4. Seguem imagens de um aluno da FZD:

Retirada do site da FZD

Retirada do site da FZD

Você pode utilizar o mesmo cômodo da semana anterior e agora desenha-lo de outra vista. A repetição de temas permite focar mais no processo e também aprofundar ainda mais na funcionalidade e visual dos elementos, enriquecendo sua biblioteca.

Semana 7 - Transferência de escalas

  • How to Draw: Capítulo 4 - Página 53

Esta para mim é a página mais importante do livro How to Draw. O conteúdo dela é muito importante para que seus desenhos tenham coerência em suas escalas, algo muito difícil até você desenvolver muito sua percepção tridimensional. Utilizar escalas humanas auxiliará na visualização das proporções gerais, uma vez que estamos acostumados a comparar escalas com relação a nós mesmos e outras pessoas. Segue um vídeo do Scott sobre o tema:

E também um exemplo de aplicação da proporção humana em uma cena:

Arte de Joon Ahn

Não necessariamente precisa-se colocar uma figura na cena, mas elementos que estejamos acostumados com as proporções já são o suficiente, como janelas, vegetação, objetos, etc.

Semana 8 - Draw Through

Chegamos finalmente a talvez o conceito mais importante do desenho tridimensional, o Draw Through, ou “desenhar através”. Este conceito nada mais é do que visualizar um elemento como se fosse transparente e pudéssemos ver sua estrutura completa, tanto os elementos virados para a câmera, quanto aqueles que estão escondidos. Este exemplo abaixo, um exercício muito interessante da FZD, demonstra bem o conceito. Veja como a construção é bem racional e metódica. Essa é uma forma muito interessante de desenvolver essa habilidade de visualizar através e você poder ir cada vez mais aumenta a complexidade dos elementos, assim como depender menos da construção tão formal.

Retirada do site da FZD

No meu curso, essa aula é uma participação exclusiva do artista João Silva, concept artist português que estudou na FZD e nos trouxe um pouquinho do que ele aprendeu lá e como aplica o Draw Through em seu trabalho. Utilizando mais alguns exemplos da escola do Feng Zhu, a ideia é começar construindo elementos mais simples e “retos” e aos poucos ir aumentando a complexidade.

Arte de Feng Zhu

Arte de Feng Zhu

Como não vimos as elipses até aqui, vai ser um momento também de “apanhar” um pouco e perceber que apesar de já termos muitas ferramentas, que também estarão sendo colocadas em prática neste exercício, ainda assim falta uma longa jornada pela frente. Segue outro exemplo interessante, com carros antigos e portanto mais “simples e quadrados”, do canal do moderndayjames:

Para praticar, você pode aumentar ainda mais a complexidade dos elementos desenhados, mas focando bastante em entender sua estrutura, suas proporções e construí-los do zero em uma nova perspectiva, um novo ângulo, se possível. Este certamente é um dos exercícios mais difíceis e mais importantes do desenho tridimensional, pegar um elemento e desenhar em outro ângulo. Você também pode fazer isso com artes de seus artistas favoritos, é uma forma de “copiar” as qualidades da finalização, mas ainda assim praticar estrutura.

Semana 9 - Grids e Construção

  • How to Draw: Capítulo 4 - Páginas 54 a 69

  • Framed Perspective 1: Capítulo 4 - Páginas 50 e 51

Grande parte dos conceitos já foram cobertos até aqui, agora é hora de aprender mais ferramentas para acelerar nosso processo e continuar praticando. Um bom conteúdo complementar daqui para frente são os tutoriais do Foundation Patreon no Gumroad (como este abaixo):

Continuem praticando, objetos, cenas, explore o mundo ao seu redor através do desenho.

Semana 10 - Planos Inclinados

  • Framed Perspective 1: Capítulo 7 - Páginas 115 a 138

Expandindo no conceito de 2 pontos de fuga e preparando para os 3 pontos de fuga, nesta semana estudamos os planos inclinados e como funciona sua relação de convergência com a linha do horizonte. Esta é uma ferramenta muito importante, principalmente para o desenho de escadas, telhados e rampas.

Experimente desenhar uma escada, pode parecer simples, mas você vai logo perceber que existem muitas questões envolvidas.

Semana 11 - Aplicação de Grids

  • Framed Perspective 1: Capítulo 4 - Páginas 52 a 72

Mais prática e aplicação de tudo que aprendemos até aqui. Você já deve estar ficando mais confortável com a utilização da desconstrução e reconstrução tridimensional, explorando novos processos e resultados. Veja por exemplo este vídeo abaixo, elementos que podem parecer complexos num primeiro momento, nada mais são do que a simples sobreposição, quebra e divisão de elementos.

Continue praticando!

Semana 12 - Elipses 1

  • How to Draw: Capítulo 5 - Páginas 72 a 75

  • Framed Perspective 1: Capítulo 8 - Páginas 139 a 146

Este é o último conceito que vamos aprender, porém por sua complexidade vamos pratica-lo por várias semanas. As elipses são a representação de circunferências em perspectiva. São a base de construção de alguns sólidos primitivos muito importantes, cilindros, cones e as esferas. Podemos ver um exemplo da aplicação deste conceito nesta demo abaixo do artista Joon Ahn:

Arte de Joon Ahn

Segue outro exemplo interessante do canal do moderndayjames. Retornaremos a este exemplo do carro mais para frente.

Para começar a praticar, sugiro desenhar de observação elementos redondos ao seu redor. As possibilidades são inúmeras, use a criatividade.

Semana 13 - Múltiplos pontos de fuga

  • Framed Perspective 1: Capítulos 5 e 9 - Páginas 73 a 94 e 185 a 194

Este é provavelmente um dos conceitos mais difíceis de se aplicar em perspectiva, múltiplos pontos de fuga respeitando a mesma linha do horizonte e o mesmo observador. Conceitualmente ele é simples, uma vez que se você tiver a construção toda feita, é só manter o sistema consistente, porém para aplicar de percepção, requer bastante prática. Caso contrário, seus elementos parecerão estar inclinados, fora da perspectiva dos demais. Neste vídeos abaixo, James Murphy apresenta algumas soluções, incluindo algumas também sugeridas por outros artistas, como Krenz Cushart:

Vocês podem ver que o uso das elipses é muito importante nestas rotações. Outro vídeo interessante sobre câmeras é este feito por Feng Zhu. A relação entre lentes, cone da visão, observador e posicionamento dos pontos de fuga é bastante complexa de se controlar somente através do desenho. Felizmente, hoje em dia temos muitas ferramentas, como a modelagem 3D, para nos ajudar a resolver estes problemas.

Semana 14 - 3 pontos de fuga

  • Framed Perspective 1: Capítulo 6 - Páginas 95 a 114

Assim como na semana anterior, construções complexas em 3 pontos de fuga fogem do que eu acredito fazer sentido para o desenho nos tempos atuais, dadas as ferramentas que temos. É importante, portanto entender seus conceitos fundamentais, estudar bastante de observação e ir aos poucos desenvolvendo nossa percepção da tridimensionalidade neste novo e mais complexo ambiente. Segue outro vídeo do Paperblue para animar seus estudos.

Cuidado ao praticar de fotos, pois tanto as lentes podem te enganar, como também podem ser fotos cropadas, pedaços de imagens maiores, sendo assim não representando o que vemos com o olho humano.

Semana 15 - Dynamic Sketching

Este tópico no meu curso é mesclado as duas semanas anteriores, como forma de reforçar a prática, porém aqui neste contexto acho que fica interessante isola-lo. Este talvez seja um dos conceitos mais populares de desenho entre os aspirantes a concept artists. Popularizado principalmente pelo artista e educador Peter Han, os conceitos são muito mais antigos e vem de disciplinas de Visual Communication, ou comunicação visual, das escolas de design e em especial do Art Center College of Design.

A ideia principal é muito semelhante a tudo que já vimos até aqui e usa todos os conceitos como base. Dynamic Sketching é um processo de desconstrução e representação de objetos, usando como base os 5 sólidos primitivos, caixa, pirâmide, cilindro, cone e esfera. Uma vez que você exercitar a rápida desconstrução de elementos complexos nestes 5 volumes simples, tiver domínio das convergências e relação destes volumes com a linha do horizonte e tiver desenvolvido bem a percepção, você poderá representar rapidamente elementos através do desenho, a “comunicação visual”, seja de observação, memória ou imaginação.

É uma ótima estratégia também para a construção da sua biblioteca visual do ponto de vista da desconstrução de elementos reais, para depois combina-los na hora de transmitir suas ideias.

Uma ótima série de tutoriais sobre o tópico são estes abaixo do Foundation Patreon:

Mas muitos outros, como este abaixo, utilizam conceitos semelhantes para construir elementos complexos:

Veja como James Murphy utiliza a mesma ideia neste estudo:

Não tenho mais muito a acrescentar quanto a prática, somente continue praticando!

Semana 16 - Elipses 2

  • How to Draw: Capítulo 5 - Páginas 76 a 79

  • Framed Perspective 1: Capítulo 8 - Páginas 147 a 149

Nesta semana, retornamos à elipses para aprender mais algumas ferramentas, especialmente de divisão de elipses. Mais uma vez a ideia é desenvolver a percepção tridimensional destes ângulos, para ficar cada vez mais natural sua aplicação.

Um exemplo prático é a aplicação de detalhes nas rodas por Scott a partir do minuto 11 deste vídeo abaixo:

Semana 17 - Aplicação de Elipses e Vistas Ortográficas

  • How to Draw: Capítulo 6 - Páginas 81 a 85

  • Framed Perspective 1: Capítulo 8 e 12 - Páginas 150 a 177 e 215 a 221.

As aplicações de elipses vão muito além do óbvio, sendo uma das principais a construção de grids com uma unidade padrão, isto é, se eu posicionar uma circunferência em perspectiva, em torno dela eu terei um quadrado perfeito, um por um. Com esse quadrado como base, posso construir um grid que replica esta medida. Um exemplo de aplicação desse conceito é nas rodas de um carro, normalmente das rodas estão separadas por uma medida equivalente a 3 rodas em perspectiva.

Esta ferramenta também é muito importante para a transferência de vistas ortográficas para a perspectiva, assim como no vídeo abaixo:

Praticar elipses nunca vai ser demais, veremos na próxima semana que estas serão bases principalmente para o desenho da figura.

Semana 18 - Sólido primitivos e Objetos Orgânicos

Nesta semana, vamos explorar a construção mais formal dos sólidos primitivos e continuar nosso desenvolvimento da percepção tridimensional. Além disso, vamos explorar o conceito de Contour Lines ou linhas de contorno, algo muito importante para o desenho de elementos orgânicos. Marcos Mateu-Mestre não explora muito estes conceitos no Framed Perspective 1, mas sim no segundo livro da série, focado basicamente na figura humana. Alguns materiais que podem suprir essa falta dos livros são os do Foundation Patreon, como este abaixo:

Também existem tutorais muito legais sobre o desenho da figura humana, como os do Krenz Cushart, New Masters Academy e James Murphy. É interessante ver nestes vídeos abaixo, como os conceitos de cilindros, linhas de contorno e tudo que vimos até aqui são importantes na abordagem da figura:

O mesmo vale para a cabeça humana:

Vocês podem encontrar mais informações sobre o desenho da figura e da cabeça humana nestes posts abaixo:

Desenho da Figura Humana - Por onde começar de forma eficiente?

Desenho da Cabeça Humana - Como estudar de forma eficiente

Semana 19 - Volumes Simples e Cortes

  • How to Draw: Capítulo 6 - Páginas 86 a 93

Daqui para frente, vamos explorar os processos de construção de sólidos complexos. Mais uma vez, além de importantes ferramentas para melhorar sua execução, estes também são excelentes atalhos para desenvolver sua percepção, especialmente do Draw Through. Estes exercícios são muito utilizados em escolas como o Art Center, FZD e Brainstorm School. Olhem alguns exemplos:

Utilizaremos várias ferramentas também para aumentar a complexidade de volumes simples, como arredondar bordas, chanfrar, fazer cortes, dentre outras. Seguem alguns exemplos do moderndayjames:

Semana 20 - Volumes Complexos, Linhas e Exploração com diferentes mídias

  • How to Draw: Capítulos 6 e 10 - Páginas 94 a 103 e 190 a 201

Por fim, vamos aumentar a complexidade das construções e pensar em como finalizar nossos desenhos para melhorar a leitura dos volumes e qualidade da imagem, como nestes exemplos baixo:

Ter uma boa qualidade de linha quer dizer não só ter a coordenação motora para executar, mas principalmente de tomar as decisões certas de onde enfatizar e onde suprimir uma marca.

Outro exercício interessante é começar a explorar processos com outras mídias como nestes exemplos abaixo:

Semana 21 e 22 - Projeto 1 - Design de Veículo

  • How to Draw: Capítulos 8 e 9 - Páginas 124 a 189

Chegou a hora de colocar tudo que você aprendeu em teste em elementos reais. No caso do meu curso, peço para os alunos escolherem se querem explorar a temática de aviões ou de carros, cada um referente a uma capítulo, 8 ou 9, do How to Draw.

Desenhar e principalmente fazer o design de um objeto real vai muito além de ter as ferramentas certas de perspectiva e a percepção espacial desenvolvida. É necessário todo um aprendizado a parte para realmente entender o funcionamento e construção.

Nesta etapa, o mais importante é compreender essa complexidade e que vocês saiam daqui respeitando ainda mais o processo de design. Este processo também irá alimentar muito sua biblioteca visual para o futuro, informando e também descobrindo quais assuntos mais te interessam. Para carros, por exemplo podemos aprofundar até o limite do que é ensinado em um curso de Transportation Design, com muitos conceitos como estes apresentados no livro H-Point (ao lado).

Segue um exemplo de construção, feito por mim como demonstração para os alunos:

E outra demonstração feita no canal do Youtube:

Arte de Luiz Celestino

Para fechar, alguns vídeos do canal moderndayjames:

Sugestão de projeto (o mesmo cobrado no curso):

  • Pesquisar veículos de um período escolhido por vocês, por exemplo da Segunda Guerra Mundial, incluindo carros, ambulâncias, caminhões e/ou até blindados.

  • Escolher um modelo para desenhar ou alguns modelos para dar o norte do desenvolvimento de um design novo.

  • Desenvolver um sketch de uma ilustração/cena/apresentação que contenha este veículo. De preferência alguma que dê ênfase para o mesmo.

  • Finalizar pelo menos o veículo desta cena.

  • Extra: Desenvolver callouts do veículo, isto é, desenhos apresentando nas vistas ortogonais e perspectiva, assim como detalhes quando necessários.

Se você for postar o projeto nas redes sociais, me marque e use a #perspectivabrushworkatelier para que eu possa ver também. Uma ótima referência de apresentação de projetos são os exercícios da FZD, vale a pena dar uma olhada na parte final deste vídeo abaixo:

Semana 23 e 24 - Projeto 2 - Design de Cenário

  • How to Draw: Capítulo 7 - Páginas 108 a 123

Antes de mais nada, gostaria de compartilhar com vocês estes vídeos abaixo, explorando os conceitos do meu curso e tudo que vimos até aqui neste post (as semanas tem nomes um pouco diferentes no curso):

Acho que depois disso tudo, fica mais claro entender a aplicação dos conceitos de perspectiva em uma cena real, assim como explorar artes e tutoriais disponíveis pela internet com muito mais propriedade.

Assim como para os carros, fazer o design de uma cena de imaginação requer um repertório de referências, sejam de arquitetura, móveis, vegetação, relevo e até das figuras que estarão presentes. Seria todo um tema diferente para discutir e vou me restringir a compartilhar estes tutoriais abaixo que me ensinaram muito:

Neste outro vídeo, podemos ver um pouco a aplicação destes conceitos:

Também entram em cena aqui questões de composição. Os valores são uma forma muito interessante de exploração, seja através de manchas (como no vídeo ao lado) ou silhuetas (como na minha imagem abaixo). Cabe a cada um de nós explorar os conceitos e achar o processo que for mais confortável. Também vale analisar artes de pessoas que você admira e se possível até aprender deles mesmo como chegaram naqueles resultados.

Arte de Luiz Celestino

Sugestão de projeto (o mesmo cobrado no curso):

  • Escolher um tema, localização e período histórico a ser estudado. O quanto mais específicos vocês forem, melhor! Exemplos:

    • Ambientes internos:

      • Mercado de peixes no Japão dos dias atuais.

      • Sala de debates na Grécia Antiga.

      • Sala do trono na Inglaterra da Idade Média.

    • Ambientes externos:

      • Viela no Japão dos dias atuais.

      • Túmulo no Vale dos Reis no Egito Antigo.

      • Castelo na França da Idade Média.

  • Montar uma coletânea de imagens de referências deste tópico, analisando os pequenos detalhes e como as coisas funcionam no ambiente que você pesquisou.

  • Fazer pelo menos 2 estudos de objetos para o ambiente. Se você escolheu um ambiente externo, faça estudos específicos de arquitetura, como detalhamentos ou uma torre por exemplo. Para um deles, faça o objeto em duas vistas de perspectiva.

  • Utilizar os conceitos aprendidos até agora para blocar uma cena em perspectiva e começar popular com o que você aprendeu na busca de referências.

  • Finalizar o desenho da sua cena, pegando referências específicas para objetos, quando necessário.

  • Desafio opcional: Se quiser, combine mais de um local e período histórico para fazer um design único.

Assim como nos carros, se você for postar o projeto nas redes sociais, me marque e use a #perspectivabrushworkatelier para que eu possa ver também.

Quer estudar comigo?

Toda esta estrutura apresentada é a base do meu curso de Fundamentos da Perspectiva do Brushwork Atelier Online, que está com as inscrições abertas para a Turma 6 que começa dia 24 de março de 2019.

Lá, eu apresento e demonstro todos os conceitos e exercícios em mais de 30 horas de vídeos, assim como faço acompanhamento, correção e tiro as dúvidas individuais em transmissões ao vivo uma vez por semana. São quase 6 meses de estudos intensivos junto com um grupo super dedicado de pessoas focadas em aprender perspectiva.

Mais informações e inscrições pelo link: https://brushworkatelier.com/fundamentos-perspectiva/

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Muito obrigado por acompanhar e bons estudos!

Estudando História da Arte - Por onde começar?

Quando falamos em história da arte, infelizmente a maioria das pessoas tende a pensar em nomes de artistas famosos e em qual caixinha de “ismos” ele se encaixa, impressionismo, cubismo, dadaismo, etc. Também se considera muito a história recente e principalmente suas constantes disrupturas e movimentos transgressores, muitas vezes ilustrada pela arte de Duchamp.

Tendo isso em mente, convidei o amigo Matheus Camilo para escrever sobre a visão dele de história da arte e construirmos juntos um post para ajudar a cada um de vocês a mergulhar de forma eficiente neste universo. Para quem não conhece o Matheus, vou colocar alguns vídeos abaixo para darem um tom a nossa discussão e mais ao final do post incluirei outras referências.

A história da arte, na realidade, é um grande catálogo de dezenas de linguagens, cada uma com outras dezenas de direções de arte específicas. A cada composição, uma coletânea de sentimentos, padrões, paletas, gestos e intenções, com públicos bem específicos e carregando tradições que transcorreram de uma cultura a outra. Entender isso e ir aos poucos explorando-a é construir uma grande biblioteca mental a sua disposição para a hora de criar e passar a sua mensagem.

Cada uma das épocas ilustrou aquilo que era de mais importante para sua maneira de ver o mundo. Houve um tempo que no quesito de proporção, as pessoas eram apenas mais um elemento no quadro, inferiores a paisagem e natureza. Em dado momento os grandes retratos foram a narrativa que condensava o rosto com suas rugas, vida e experiências marcadas, uma história palpável. Houve períodos mais lúdicos como o Romantismo, em que os artistas concretizavam os pesadelos, davam forma a histeria das pessoas. Assim como também a natureza morta ou a representação dos objetos foi tida como um meio de expressar os desejos daquela atualidade.

E no momento atual, você consegue identificar alguma estética que abraça a sua visão de mundo? É essa relação com o seu entorno e a sua representação visual que queremos que você se interesse ao final desta leitura.

A História da Arte de Gombrich

Um grande pontapé inicial no estudo desse vasto universo é o livro A História da Arte do Gombrich, muitas vezes utilizado como bibliografia de cursos universitários. Segue uma review que fiz para ele e um link comissionado para a Amazon, caso você se interesse e queria também ajudar o Brushwork Atelier:

Compre o livro clicando aqui - https://amzn.to/2Lx3gyC

Com a palavra, Gombrich:

“Destina-se este livro a todos os que sentem necessidade de alguma orientação inicial em um estranho e fascinante mundo. Pode servir para mostrar a situação geral da arte sem confundir com detalhes; e para habilitá-lo a dar uma ordem inteligível a profusão de nomes, períodos e estilos que se congestionam nas páginas das obras mais ambiciosas, assim equipando-o para consultar livros mais abrangentes.”

A todo momento o livro te recordará o capítulo anterior, como uma maneira de construir uma ponte, mas, como o pensamento humano as vezes não segue uma linearidade, também ocorrerá dessa ponte conceitual ser quebrada, coisa que o livro também deixará claro, nesse zigzag de referências.

A maneira que eu encontro de fundamentar o estudo é ler os capítulos de 2 em 2 para construir blocos de histórias visuais na sua cabeça. Como diria Donis A. Dondis:

“As imagens também são textos e podem lidas”

Por isso construa um resumo próprio textual antes ou depois dos rascunhos ou inspirações visuais surgirem, crie um link entre conceito mental e o desenho propriamente dito. Separe sua citação favorita de cada capítulo que melhor expresse aquilo que te chamou atenção.

Vamos discutir na sequência os primeiros 5 blocos de estudos, exemplificando e expandindo onde for necessário.

Bloco 1

Introdução e Estranhos Começos - Pag 15 até Pag 54

“Nada existe realmente a que se possa dar o nome Arte. Existem somente artistas.”

Gombrich abre seu livro com um ponto chave que reinará no estudo da história, é uma narrativa sobre decisões de pessoas para pessoas, de artistas para artistas. O capítulo de introdução nos dará uma deliciosa amostra de comparações das diversas linguagens que ocorrem ao longo do tempo e ao longo dos estilos, daquilo que os artistas se encarregavam e quais suas “direções de arte” para cada trabalho que era encomendado pela igreja, por um rei poderoso ou simplesmente um admirador.  

É crucial emendar logo em seguida para o Cap 1 para entender que a arte nem sempre foi como estamos acostumados, e sim uma maneira ritualística de preservar a saúde, de adorar os deuses e continuar uma tradição. Os mitos que tanto ouvimos já foram o pilar que sustentava a crença diária de um povo, e saber sobre esse cotidiano, e mais ainda, saber que tudo parte da natureza como fonte criativa, nos dá uma lente certeira sobre o poder da imaginação que fundamenta uma narrativa.

Carregamos muito do homem primitivo, ainda temos um senso de tribalismo ao nos vestirmos de acordo com um grupo social, ou nos identificamos com outras pessoas através de gostos culturais. O uso das máscaras antigamente revelava um link com um animal da floresta, uma associação de personalidade, o que difere do hoje? Seguem algumas referências interessantes, como o festival Burning Man e a série Tales by Light:

Para aprofundar neste período, vale a pena pesquisar mais sobre o período Neolítico, principalmente do ponto de vista de sua arte e arquitetura. Segue um exemplo de John Lobell:

Bloco 2

Arte Para A Eternidade e O Grande Despertar - Pag 55 até Pag 97

“Iremos ver que os mestres gregos foram a escola com os egípcios, e todos nós somos discípulos dos gregos. Assim, a arte do Egito reveste-se de tremenda importância para nós”

O capítulo 2 e 3 devem ser estudados juntos pois aqui se abre uma tradição que passará dos egípcios aos gregos e que nos dará a lente contextual adequada para entender a visão de mundo que inaugura a vasta estética Greco-romana. Os egípcios são os mestres do eterno, com uma estética rígida e clara, linear e didática, a ponto de se tornar uma linguagem de mais de 3 mil anos, preservada dentro de uma cultura com uma crença poderosa, a de que as imagens carregam a vida dos seus faraós, de que pinturas em uma parede carregam o feitiço da vida e da morte, uma imagem para a alma. Vamos entender que provém da natureza as formas, silhuetas e cores que dão aos egípcios as ideias de suas tumbas e de sua maneira artística. Com egípcios se entende que o que se chama “primitivo” é nada além do que uma escolha de contar uma história, pois eles já haviam desvendado a técnica para representar o mundo como um espelho, mas que optaram pela simplicidade para poder contar uma narrativa seu gosto.

Este é um dos períodos antigos mais explorados pela arqueologia e história, então existem inúmeras referências para aprofundar os estudos, que vão de vídeos de grandes canais do Youtube como o Nostalgia a pesquisas acadêmicas:

Também é um período muito explorado na indústria do entretenimento, com títulos que se aproximam mais de uma releitura literal, como Assassin’s Creed Origins, O Príncipe do Egito e Exodus. No primeiro, saiu até uma versão muito interessante chamada Discovery Tour, em que você pode explorar algumas das regiões mais importantes da época na releitura do jogo:

E existem algumas propriedades intelectuais que são influenciadas, mas de forma não literal. Blade Runner, por exemplo, é um título que carrega muito da estética egípcia. As grandes corporações do filme usam de identidades majestosas como templos, colunas e elementos de decoração que lembram uma realeza mítica e imutável.

“Todos os escultores gregos quiseram saber como iriam representar determinado corpo. Os egípcios tinham baseado sua arte no conhecimento. Os gregos começaram a usar os próprios olhos”

Com os gregos iniciais, um povo ainda em desenvolvimento vamos descobrir que nem sempre se precisa de uma tradição rígida para se usar a arte, mas que o desejo de conhecer o próprio corpo e utilizá-lo como meio para a beleza pode dar a um povo uma esteira para pesquisar o mundo através do humano. O mundo dos templos, da filosofia, da esculturas e principalmente, o mundo da proporção, aqui aprendemos a olhar o belo através de escalas, de harmonias e de rochas imensas que bem dispostas parecem mais leves e suaves que uma folha num lago.

Bloco 3

O Império do Belo e Conquistadores do Mundo - Pag 100 até Pag 131

“A impressão global desses edifícios, com seus detalhes finamente lavrados, é de infinita graciosidade e leveza”

Aqui a arte se eleva, a fins de teatralidade, emoção e comoção. Veremos o nome de mestres surgindo, com métodos e assinaturas de sua visão estética. Veremos o nascimento das 3 ordens de colunas arquitetônicas que dão a “cara” dos gregos, a ordem jônica, dórica e coríntia, todas pautadas num método de passar uma ideia visual mais leve, política ou até mesmo humana.

Aqui os gregos aperfeiçoaram o que aprenderam com o egípcios, as estátuas não são mais rígidas e sem vida, agora elas respiram, sentem e transmitem desejo, elas viraram uma referência para a beleza, pode se dizer que é aqui que a propaganda nasce, ou a ideia do real da arte ser mais real do que a realidade.

“A mais notável realização dos romanos ocorreu, provavelmente, na área da engenharia civil. Conhecemos tudo sobre suas estradas, os seus aquedutos, os seus banhos públicos”

Os Romanos dedicam sua arte as cidades, ao espírito cívico e aos bustos de pedras das personalidades nacionais. Seguem alguns exemplos:

É possível ver como a história da arte e arquitetura de Roma se confunde com a própria história de suas conquistas e batalhas. Nesse momento, fica ainda mais importante entender o contexto do que estava acontecendo no período e literalmente expandir seus horizontes sobre as influências artísticas do período. Encontrei este vídeo bem interessante sobre os momentos europeus:

A representação estética não se resume só a esculturas e edificações, mas podemos aprender muito sobre essas decisões vendo como eram resolvidos visualmente e também funcionalmente os itens do dia a dia, de móveis a artigos de batalha do exército romano. Quanto mais referências tivermos, especialmente se estivermos querendo representar estes períodos, melhor serão nossas peças e também mais absorveremos de forma inconsciente para aplicar no futuro.

Este é outro período também muito representado no entretenimento, seja de forma literal ou inspirando títulos sobre mitologia e/ou outros temas. Animações como Hércules, filmes como Gladiador e jogos como Assassin’s Creed Origins e God of War devem muito a estética do período.

Segue uma cena bem bacana do filme Gladiador, assim como um video sobre sua cinematografia, que acrescenta ainda mais sobre o tema, mas do ponto de vista técnico da representação do período.

Seguem também o trailer do Assassin’s Creed Odyssey e um vídeo sobre a criação de cenários em God of War 3.

Bloco 4

Bifurcação de Caminhos, Olhando para o Oriente e A arte Ocidental em Fase de Assimilação -  Pag 133 até Pag 169

“A pintura pode fazer pelos analfabetos o que a escrita faz pelos que sabem ler”

O período Bizantino é uma espécie de continuação romana com um viés político e estético voltado para a filosofia Católica. É uma época de igrejas e basílicas (Pórticos reais, edifícios que antes eram mercados, fóruns e até templos pagãos, é nessa época que se concretiza o padrão interior das igrejas como conhecemos até hoje).

É também a época de imagens esteticamente mais simples a fim de chegar num público maior a mensagem cristã, mas imagens não menos interessantes, pois o domínio das pedras preciosas e o ouro nas paredes como símbolo do paraíso e de poder será muito bem compreendida, aqui se estabelece como arte geral a mídia dos mosaicos, uma arte plana para uma mensagem mais ampla (o mosaico já era utilizado pelos romanos de forma mais doméstica e decorativa).

Um dos tesouros do período é Hagia Sophia, em Istanbul, antiga Constantinopla. Seguem alguns vídeos sobre este magnífico edifício:

Assim como uma bela pintura de Sargent, retratando seu reluzente interior dourado:

Arte de John Singer Sargent

No capítulo seguinte, “Olhando para o Oriente”, Gombrich nos dá uma breve mas astuta viagem na maneira que alguns orientais percebem e planejam a arte.

“Fazer imagens era proibido. Mas a arte, é claro, não pode ser simplesmente suprimida, e os artífices do Oriente, aos quais não era permitido representar os seres humanos, deixaram sua imaginação jogar com padrões e formas”.

Mais tarde na história da arte, teremos a exploração visual do oriente pelos acadêmicos, em um movimento conhecido como Orientalismo. Segue um vídeo bem interessante sobre o tema:

Os Islâmicos acreditam no profeta Maomé, que por sua vez não permitia a realização do rosto e de pessoas na arte, pois em tese não teriam o direito de representar a imagem e semelhança de seu Deus. Nesse caso passaram a se expressar pelas linhas dos rendilhados dos tapetes, roupas e arquitetura (Alhambra é um exemplo muito marcante), criando padrões e texturas intrincadas e exuberantes, virando uma espécie de marca registrada de certos povos do oriente.

Claro que essa rigidez não se aplica a todos os orientalistas, os Persas por suas vez possuem uma arte que lembra muito as histórias em quadrinhos e livros ilustrados de hoje, um modelo de passar suas lendas e contos de uma forma onírica, colorida e divertida.

Indo um pouco mais para o Oriente, os chineses eram um povo que antes de pintar ou desenhar gostavam de dar longos passeios e caminhadas por jardins, florestas, lagos e montanhas, a fim de absorver o exterior e a essência da natureza. Eles não copiavam o objeto artístico, eles pintavam de imaginação aquele sentimento mais marcante que o artista adquiriu da experiência do trajeto realizado.

Retornando a História de forma linear nos deparamos com o Capítulo “ A arte em fase de assimilação”

“O período que se seguiu a essa era cristã primitiva, o período que sobreveio a queda do Império Romano, é geralmente conhecido pela nada lisonjeira expressão, de Idade das Trevas.”

As várias tribos bárbaras conhecidas da história são dessa época, como os Vikings, Saxões e Godos. Os católicos assolados por essas invasões e guerras assimilaram em suas bíblias e artes a maneira dos celtas, com seus rendilhados e representações de monstros marinhos, gerando vasta imaginação e  referência visual para as maneiras religiosas de pensar catástrofes e monstros metafóricos. É de se notar que desde os gregos a arte se modificou muito, aqui o importante não copiar a realidade como ela, mas sim transmitir uma mensagem clara e sucinta, nesse período os chamados “copistas”, aqueles monges destinados a reescrever as sagradas escrituras seguiam algumas regras visuais, mas também podiam expressar o seu “eu” criativo.

Bloco 5

A Igreja Militante - Pag 172

“A igreja era, geralmente, o único edifício de pedra em toda a redondeza, constituía a única construção de pedra de considerável envergadura de muitas léguas ao redor, e seu campanário era um ponto de referência para todos que vinham de longe”

O autor de Corcunda de Notre Dame, Victor Hugo costuma dizer que a arquitetura foi a grande forma de escrita do gênero humano. A pedra de nossas moradas serviu de mídia por muitos séculos para se transmitir arte, através da arquitetura se observa não só um documento, mas um estilo de vida, um estilo de pensar. O mundo sempre foi o mesmo, o que muda é a visão humana sobre o mundo, por isso a arte muda, e dificilmente se aceitará um modelo universal de beleza ou de linguagem.

O estilo românico carrega uma silhueta mais robusta, paredes grossas, fachadas mais lisas e ornamentos mais sucintos. O grande círculo na fachada que será chamada de rosácea pelos góticos é uma marca desse período. A aparência dessas igrejas fortalezas se deve a um período de invasões e guerras.

Seguem alguns vídeos interessantes sobre a arquitetura desse período:

Mais uma vez, a estética desse momento histórico não se resume às obras de arte e arquitetura, mas o dia a dia, a indumentária, objetos, móveis, armas e armaduras tem muito a nos ensinar visualmente e funcionalmente. Nesta palestra baixo, assim como em outras palestras, o artista Even Mehl Amundsen ressalta um ponto muito importante na arte de fantasia, a busca de referências reais. Como um grande conhecedor da história de armas, armaduras e batalhas, ele possui uma enorme biblioteca para popular seus personagens de criação, seja em representações de momentos reais, muito próximos aos reais ou somente baseados na realidade, como o universo dos anões que ele discute na palestra.

Seguem alguns vídeos interessantes sobre funcionalidades para ilustrar este ponto:

Outro ótimo exemplo inspirado neste período são as artes de Alan Lee e John Howe para O Senhor dos Anéis (apesar deste ter sido inspirado por um longo espectro de movimentos artísticos e de arquitetura):

Existem tantos títulos do mundo do entretenimento inspirados neste período que passaríamos horas aqui discutindo, então vou me restringir ao mundo do Senhos do Anéis, que vimos acima, e ao jogo Dark Souls III, abaixo.

Seja o caminho traçado pelo pensamento mítico-religioso dos Egípcios, a proporção dos Gregos ou a intrincada trama dos Islâmicos, percebemos que em 10 capítulos pode-se absorver muito do mundo antigo que Gombrich tão bem traça. O que se percebe é algo que um artista moderno chamado Matisse escreveu:

“A pintura não é outra coisa senão pensamento que se pode ver”

A frase não se atém a pintura como linguagem, mas como uma metáfora da própria arte. As culturas que registraram seus ícones no tempo tinham bem pautado seus pensamentos e princípios, aquilo que queriam alcançar (e alcançaram) como direções de arte se avaliarmos com o olhar atual, alcançaram o patamar de tradições. O restante do livro segue o mesmo padrão, nos dando os principais fundamentos de pensamento e imagem que dão a entender os povos sequencialmente até o tempo moderno, é sem dúvida o primeiro passo e um vasto aprendizado para o conhecimento da História da Arte.

A importância das imagens

“Cada obra de arte é uma criatura de seu tempo, muitas vezes é a mãe dos nossos sentimentos. Cada época de cultura realiza uma arte própria que não pode ser repetida. Um esforço para chamar à vida modos artísticos passados pode, no máximo, ter como consequência obras de arte que se assemelham a uma criatura nascida morta. É impossível, por exemplo, sentirmos e vivermos intimamente como os antigos gregos. Assim, os esforços para aplicar os princípios gregos na plástica podem produzir somente formas símiles gregas, ao passo que a obra permanece sem alma” - Kandinsky

Kandinsky pode ser soar um pouco radical, mas ele tem um ponto interessante, que certas linguagens só funcionam em certos momentos e tempos. E é por isso que estudamos a história da arte, buscando uma lente sobre cada tempo, suas influências e prioridades, uma lente sobre a mente individual e sua posição no mundo e mais ainda uma lente sobre o olho e a sua forma de ver esse mundo. Com isso, buscamos aprender ter uma visão mais ampla e também mais clareza na nossa própria visão de mundo e como podemos colocar isso em nossa arte, seja representando um período antigo ou fazendo algo novo.

Esperamos que este texto motive o estudo de vocês desse tópico tão interessante e tão importante que é a História da Arte e que também inspire-os a olhar ao seu redor e ver com qual estética vocês melhor representariam o que querem dizer.

Dentro de um mesmo período, de um mesmo contexto, de uma mesma rotina, cada um terá um ponto de vista diferente e único. Expresse isso no seu trabalho.

Batemos um papo sobre estes e outros assuntos também nestas duas entrevistas abaixo:

Se quiserem expandir os estudos, o Matheus tem dois cursos que abordam a história da arte e a semiótica e que tem turmas todos os semestres. Clique aqui ou na imagem abaixo para conhecer mais.

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